A
falta que ama
Carlos
Drummond de Andrade
Entre
areia, sol e grama
o que
se esquiva se dá,
enquanto
a falta que ama
procura
alguém que não há.
Está
coberto de terra,
forrado
de esquecimento.
Onde a
vista mais se aferra,
a dália
é toda cimento.
A
transparência da hora
corrói
ângulos obscuros:
cantiga
que não implora
nem ri,
patinando muros.
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Já nem
se escuta a poeira
que o
gesto espalha no chão.
A vida
conta-se inteira,
em
letras de conclusão.
Por que é que revoa à toa
o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa
o tempo, chaga sem pus?
O inseto petrificado
na concha ardente do dia
une o tédio do passado
a uma futura energia.
No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É falta ou ele que sente
o sonho do verbo amar?
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
A falta que ama
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